quarta-feira, 8 de julho de 2009

Pobre autor nacional!

Gosto muito de quadrinhos, leio-os desde criança. Lembro-me quando era pirralho, na casa da governanta que temos há mais de vinte anos, o marido dela tinha uma renca de gibis da Marvel e DC. E olha que eles ganhavam salário mínimo – ou até menos.


Agora não vejo nada além de Disney, um punhado de publicações menores, porcas demais para sustentar-se por si próprias, e a Turma da Mônica, tanto o normal quanto o Jovem e Luluzinha Teen. Se quero ler um Homem Aranha, terei de morrer em uma grana de dez, vinte, trinta, quarenta ou cem reais. Duvido que o marido da governanta possa comprar um Marvel ou DC hoje.


Ou seja, a HQ virou diversão para os endinheirados. Filhinhos de papai cheios de grana, que torram a do velho ou de garotões em empregos bem remunerados que possam arcar com tais despesas. Não há mais o formatinho que, perdoe-me os viciados, era uma alternativa fácil e barata, apesar das tesouradas, cortes e mudanças de todos os tipos.


E os nossos autores nacionais?


Aliás, EXISTE autor nacional? Fora Laerte, Ziraldo,Ota, Maurício de Souza e Angeli, você conhece mais algum?


Conhece Emir Ribeiro, Rod Gonzalez, Roberto Guedes, Carlos Henrique, Gabriel Rocha, Lorde Lobo, Linc Nery – você aí, sabe quem são eles?


Você não sabe absolutamente nada! Nem sabia que existia a Central de Quadrinhos Brasileiros (CQB)! Não adianta negar, tu nem sabe dessa trolha! Eu mesmo não sabia! Só fui saber porque um amigo meu chegou e falou “dá uma olhada nesse site”. E não gostei nem um pouco do que vi.


Sabe porque você não os conhece? Porque os cidadãos acima não estão interessados em agradar VOCÊ, leitor! Eles querem é fazer coisa pros “amigos”, pra panelinha, pro grupinho. Tipo “Cho ver teu trabalhim? Ai, qui bunitinho! COMENTA O MEU?”. Aí, a criatura, toda feliz com o elogio, puxa o saco, mesmo que esteja um cocô com pérolas do tipo “Nooussa, que trabalho fofo! Adorei a tua história”.


Ninguém tem coragem de apontar os erros, de dizer “TÁ RUIM”, porque não quer perder o “amiguinho”. Aí se reúnem no meio antro facista pseudo-nacionalista (pseudo mesmo, porque eles desenham COMO OS GRINGOS – mas clamam ser nacionalistas, vê se pode...), a Central de Quadrinhos Brasileiros para ficar dizendo que são sabotados por máfias, que os gringos copiam, roubam nossas idéias, vivem de expropriar nossas ricas produções e ainda tem a cara de pau de dizer VIVA O ORIGINAL.


Em suma, um muro de lamentações.


Original o que gente? Foram os americanos que inventaram o atual jeito de contar quadrinhos. Eles levam vantagem nisso, é como a Costa Rica tentar a Copa do Mundo – pode até conseguir algo, mas o mais provável é ser eliminada nas Quartas de Final – isso se chegar lá!

O pior é que eles acusam muito – mas não tem provas DOCUMENTADAS de nada. O princípio básico da acusação é a prova.

A CQB não tem sequer esta capacidade!


Um bando de gente iludida, com a cabeça enfiada na caixa, achando que cagam bombom quando não peidam nem jujuba! Eu quero as PROVAS das ACUSAÇÕES de plágio da CQB. Disponho-me a divulga-las no Blog, se me mostrar tudo documentadinho direitinho, preto no branco. Não vale copia e cola de internet e nem depoimento fajuto: quero coisa real, que eu possa TOCAR e ler com meus olhos!


O interessante disso tudo é que HQ, Mangá e derivados são PRODUTOS, ENTRETENIMENTO, COMÉRCIO. O Homem Aranha é, antes de tudo, um PRODUTO DA MARVEL. Vocês acham que o Stan Lee só faz o que gosta? NECAS! Ele faz o que o LEITOR gosta. O grande lance é que o SL casa o que ele gosta com o que o leitor curte. Para isso, ele abre mão de certas coisas para colocar outras – mesmo que ele não goste ou mesmo odeie. Acima de tudo, a máxima O CLIENTE SEMPRE TEM RAZÃO vale, pelo menos no ambiente das HQ's. Porque se você não vende, não é LIDO e nem conhecido, sua história em quadrinhos, não é boa.


Mas, para esse pessoal, o grande barato não é atender as necessidades do público alvo. Negócio bom mesmo é ficar em fotolog repassando imagem, vendendo gibi preto-e-branco ou com um colorido que simplesmente dói os olhos, com um traço velho e feio do cacete que nem os gringos querem, com umas histórias absolutamente horrosas.


Foda-se as necessidades dos leitores! Eu quero mais é aparecer, botar banca de autor fodão, fazendo pose de desenhista "profissa" com a prancheta de desenho!


Se você tiver estômago e coragem, fique de olho no SOL DA MEIA NOITE – porque vamos nos aventurar no bizarro mundo das porcas e malfeitas HQ nacionais! Na próxima postagem, iremos começar com nada mais, nada menos que VELTA - ou o Pagode em gibi, porque o que não falta de bunda ali, meu amigo - mas eu conto no nosso próximo encontro.


Até lá!
Se você tiver coragem!

terça-feira, 7 de julho de 2009

O fim do diploma de Jornalismo - Medida necessária ou sucateamento da profissão?

Caso você, leitor, não saiba, eu curso Jornalismo desde 2006. E não existe nada mais diverso que o estudante de Jornalismo - nerds, playboys, revolucionários esquerdistas, patricinhas, fanáticos por futebol e outros, em todas as formas, cores, tipos e tamanhos.

Então, um dia no meu primeiro período, eu estava lá, no pátio, em meio a um papo com o pessoal, para conhecer melhor, fazer um social etc. O assunto era as aulas de filosofia. Comentávamos as excentricidades verbais do professor, que tinha um discurso erudito, mas feito de uma maneira muito engraçada, com toda uma atuação para mostrar a nós o mundo de Platão, Sócrates e Aristóteles. Eu gosto muito do cara, pena que ele só dá aula de filosofia, portanto só o peguei no comecinho do curso.

Lá pelas tantas, uma menina comenta a sua opinião acerca da "utilidade das aulas de filosofia":

-O professor viaja muito, eu quero saber quando é que vou começar a aprender a montar um jornal, um programa de televisão, de rádio ou como entrevistar alguém. Acho essas aulas um saco, uma perda de tempo!

Curioso com a brilhante afirmação da estudante, resolvi colocar lenha na fogueira:

-Eu gosto de filosofia, acho maneiro o professor, curto muito as viagens dele.

A menina, diante da resposta, continuou a despejar sua insatisfação com uma brilhante resposta, digna de sua pessoa:

-É, mas eu não gosto! O professor é um babaca e não vejo utilidade nessa aula. Onde vou por Platão na minha matéria jornalística?

Huumm, então tá.

No mês passado (17/06), o Supremo Tribunal Federal (STF), por oito votos a um, revogou a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Com isto, você não precisa mais sentar-se em uma cadeira de faculdade por quatro anos para aprender como ser um jornalista: basta você ser contratado por um veículo de comunicação e pronto.

A lei da obrigatoriedade do diploma data dos tempos da ditadura, até então, os jornalistas não tinham diploma. O Jornalismo era uma atividade de meio período, como um segundo emprego. Não existia uma formação de Facto.

Quando o Brasil caiu na ditadura militar, o governo fez a infame Lei de Imprensa, que foi revogada recentemente. Junto com esta lei, vigorava a exigência do curso superior de Jornalismo para a profissão. Aparentemente, a decisão foi tomada para regulamentar e melhorar a qualidade das publicações - mas o real interesse era o controle da atividade nas mãos dos militares. Temia-se muito que a imprensa, na época, fortemente associada a grupos de Esquerda, pudesse contrariar o regime e manipular a opinião pública contra o governo. É só notar as cláusulas que "proíbe divulgação de segredos nacionais" ou "incitar discórdia sobre leis".

Deixando a história de lado, o regime militar acabou, mas a Lei e a exigência do diploma perpetuou. O Sindicato dos Jornalistas cresceu com a idéia de que "só pode trabalhar em jornal quem tem diploma". De fato, o Brasil é o único país que exige diploma de seus profissionais de jornalismo - com o monitoramento constante do Sindicato, que processa jornais e publicações que contratam jornalistas sem o diploma.

Sou estudante de Jornalismo, a dois períodos de se formar na profissão, e na minha faculdade, não vi o pessoal manisfestar-se contra o fim do diploma. Os professores estão indignadíssimos, com dizeres de como vão permitir pessoas sem formação profissional a veicular informações na grande mídia. Ao mesmo tempo, admitem que os grandes veículos de comunicação tem passado por cima da exigência inúmeras vezes, contratando quem eles consideram competente ou simplesmente mantendo o jornal a estagiários.

Suzana Taveres Blass, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro deu uma palestra na faculdade, dias antes da exigência cair, defendendo ardosamente a manutenção do diploma. Declarou que, sem a exigência, somente as empresas diriam quem é jornalista e quem não é. Que estaríamos nas mãos dos grandes empresários, que poderiam contratar milhares de gente sem formação para lotar redações e tomar o lugar dos jornalistas que estudaram duro para conseguir o canudo, enfim, seria uma calamidade - na opinião dela.

Eu inicialmente também fiquei indignado quando o juiz bateu o martelo. Pensei que tinha jogado meus anos de estudo e esforço na lata de lixo, que o abuso (já grande, pois a rotina em uma redação de jornal é desumana) dos empresários iria aumentar e que a qualidade das publicações impressas, telejornalismo, radialismo e companhia iriam cair mais do que já estão. Enfim, me senti um imbecil por ter investido tempo e dinheiro em estudos que não me levarão a lugar algum.

Mas, passado a histeria do fim do diploma, parei, raciocinei e pensei se de fato, vai acontecer o armagedon jornalístico, com toda sorte de gente trabalhando na mídia aberta, veiculando o que der e vier. Será que vai ser tão ruim assim?

A resposta é SIM e NÃO.

Que o abuso dos donos das empresas de jornal sobre seus empregados é evidente. A rotina de um jornalista é excruciante para ganhar merreca. Devido a imensa demanda de mão de obra, se um reclama, basta ser demitido e colocar outro que, desesperado para trabalhar, vai aceitar ralar o dobro para ganhar metade do seu antecessor. Ou basta entupir a redação de estagiários. Já tem empresa que tá EXIGINDO experiência de estagiários, vê se pode.

Na faculdade, aprendi como se edita, monta e escreve para uma publicação impressa, como a montar programas de Rádio e Televisão, sobre ética profissional, filosofia, economia política e sociologia, tanto a comum como a voltada especificamente para a comunicação. Enfim, melhorei muito a minha bagagem cultural e técnica acerca do trabalho jornalístico - embora eu jamais tenha pisado em uma redação, tenho uma base teórica que ajudaria no meu trabalho. Mais de um dos "sem diploma" comentou que faltou em algum momento da profissão (ou ainda falta) uma base técnica que só as (boas) faculdades e universidades de jornalismo possuem. Em tese (e em APENAS em tese) estarei na vantagem em comparação a um não-formado de mesma experiência profissional do que eu, por ter conhecimentos que só seria possível ter se estivesse empregado em uma editora, no mínimo. Ou seja, o curso de Jornalismo ainda será a grande porta para o mercado.

Convenhamos - muitos dos diplomados que trabalham nas redações não fazem jus ao estudo que tiveram nos cursos de jornalismo. Exemplos não faltam, como o caso Isabela Nardoni, Eloá e o infame Escola Base. Todos estas monstruosidades e desumanidade foram produzidas por jornalistas formados - ou pelo menos regulados pela Lei de Imprensa e pela exigência do diploma. Pelo visto este pessoal acha que aulas como filosofia, sociologia, antropologia e ética deveriam ser um saco. Será que questionaram onde entraria as chatíssimas e improdutivas aulas de filosofia? Onde iriam colocar Platão no Caso Escola Base?

Não há curso de jornalismo que dé jeito na preguiça, descaso, falta de ética e covardia dos maus profissionais. Estas coisas o sujeito traz de casa, ou de berço - embora não seja culpa dos pais que criou e amou esta criança que, quando cresceu, fodeu com os donos de um colégio apenas para vender mais jornais em época de feriado prolongado.

Muitos Jornalistas, como Fernando Gabeira, Nelson Rodriguez, Max Nunes e a dupla Robert Woodward e Carl Bernstein (uma matéria jornalística do Washington Post escrita pelos dois derrubou o Presidente Nixon) não fizeram cursos de Jornalismo, logo sem diploma. Será que o sindicato dos jornalistas pegaria no pé de Wood e do Bern só porque eles não tem o canudo a despeito de seus feitos que desencadeou o caso Watergate?

Tantos editores como o José Roberto Pereira, que editou as revistas Megaman, Animax, Mad e a Kamikaze nunca fez um único curso de jornalismo. Ele aprendeu na prática, ralando no mercado editorial da banca e da livraria, como ele mesmo disse em seu blog. Não acho que ele realmente precise de um diploma para ser editor e escritor.

Vamos jogar a formação no lixo e acabar com os cursos?

Ou vamos exigir o diploma como requisito básico primal, acima da experiência e competência?

NÃO!

Nada de desespero, de gritaria ou de ofensas a quem defende ou não o diploma. É hora para repensarmos sobre a formação de nossos jornalistas. Acredito sim, que todo profissional da área deva ter formação - mas não especificamente um diploma. Quantos veículos não oferecem cursos para criar bons profissionais (como o da Folha de São Paulo) e tantos outros exigem boa formação (não só em jornalismo, mas em diversas áreas) de seus funcionários. Ao mesmo tempo, acho que todos, em um país democrático, independente da educação que tenham, tem o direito de se expressar da forma que puderem, seja em rádio, TV, jornal ou internet.

Acho que a grande questão do diploma não é ele per se, mas sim, que com o mesmo, parecia ser mais fácil exigir por direitos trabalhistas que o Sindicato tanto quer (e tem razão, tá lá na Constituição). Bem, nesse caso, sinto informar, mas não é um pedaço de papel e uma carteirinha dizendo JORNALISTA que vai trazer algum fruto. Melhor será empenhar-se na luta pelo cumprimento das leis trabalhistas (uma vitória já foi conseguida, foi a do ponto) para que os profissionais possam ter uma vida fora do trabalho. Não acho eficiente obrigar seres humanos a trabalhar dezoito horas por dia para pagar merreca - como acontece nas grandes redações.

Afinal, vivemos em uma Democracia, não?
Eu pelo menos, acredito que sim.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Um novo começar

Bom, eu tinha um blog antigo (o http://colunadokerd.blogspot.com/), mas este foi para as cucuias por negligência minha e porque eu tinha colocado na minha cabeça que eu não seria organizado o suficiente para tal. Bem, enfrentei a mim mesmo e decidi manter esta joça com uma regularidade aceitável – o mínimo para criar um hábito de atualização constante.


Verdade seja dita: de dois anos para cá, perdi completamente o ânimo de escrever. Não vou ficar caçando motivos, mesmo porque eles não ajudariam a resolver o problema. Até então eu achava o mó barato ficar escrevendo linhas e linhas de fanfics, histórias e aventuras para minhas partidas de RPG com os amigos.


Mas com o tempo perdeu a graça – e o gás de escrever feneceu de verdade quando comecei a trabalhar. Sem vontade alguma de rabiscar e ocupado com outros afazeres, fiquei meses sem emplacar uma fan fiction ou mesmo o projeto de um livro sequer. Obviamente, meu português piorou na mesma proporção porque, bem ou mal, rabiscar com lápis ou computador inúmeras coisas, de fichas de RPG a projetos de contos mantinha o meu português afiado. Ele empobreceu devido a falta de prática – assim como o meu inglês, que está enferrujando por falta de uso, mas isso é assunto para outra hora.


Dei um basta nesse marasmo criativo, que estava me tragando para o limbo. Tudo que eu bolava, pensava, imaginava e concebia estava datado, velho, fedendo a bolor. Quando tentei engatar histórias, vi que estava fazendo mais do mesmo e nada me estimulava. Não conseguia mais divertir ou entreter.


Não conseguia sequer ousar. Estava morrendo criativa e pessoalmente, com tudo ao meu redor desmoronando. O meu clã no Ragnarök, a Chama Prateada, fundado em 2006 e mantido com muita dificuldade quase foi destruído duas vezes. Se não fosse pela determinação dos membros e pela teimosia do escritor desta epístola, a Chama seria mais um desses clãs que aparece, diz “oi” e “tchau”, sem deixar marcas.

o?u para contradizo e quem sera MMO'eixar marcas.p e pessoalmente, com tudo ao meu redor desmoronando. u mesmo o projeto de um

Sei que você não está nem um pouco interessado nesta história toda. Você possivelmente odeia RPG e acha MMO’s uma perda de tempo e quem será eu para contradizê-lo? Por isso, vamos deixar de lenga lenga e partir logo ao que interessa.