
Ontem a noite passou no SBT o clipe-que-queria-ser-filme
Moonwalker. Não é pra menos, pois faz um ano que o
Michael Jackson,
o Rei do Pop (esse homem vendeu UM BILHÃO de discos) faleceu e vocês
sabem, o cara morrer não significa que ele não vai continuar gerando
dinheiro, muito pelo contrário, especialmente em se tratando de Michael
Jackson.
Enfim, MJ em seus últimos anos era conhecido mais por
ser um tarado molestador de crianças do que o artista que mais vendeu
discos em toda a atualidade. Que teve inúmeros processos na justiça
americana, envolvendo acusações de ter abusado de criancinhas
(reforçado por declarações infelizes do próprio astro no
Living With Michael Jackson
de que dormia com crianças e não via nada de mais nisso) - ou seja, o
tempo dele tinha passado e agora era ladeira abaixo pro lamaçal.
Não vou entrar no mérito de discorrer sobre a vida do cantor e suas supostas bizarrices. Na internet já tem bastante fonte sobre o assunto.
Mas,nadando contra a corrente da opinião geral, primando pelo
enfrentamento de idéias, eis que, vasculhando na net sobre a vida do
cantor após assistir o Moonwalker, descubro que rolou uma suposta carta
de
Jordan Chandler um dos meninos que diz ter sofrido abusos sexuais de MJ, onde encontra-se os seguintes dizeres:
Jordan Chandler e Michael Jackson no passado.
“I
never meant to lie and destroy Michael Jackson but my father made me
to tell only lies. Now i can’t tell Michael how much i’m sorry and if
he will forgive me. Now for the first time i can’t bare to lie anymore.
Michael Jackson didn’t do anything to me, all was my father lies to
escape from being poor.”
Jordan Chandler
Jordan Chandler hoje.
Traduzindo:
"Eu
nunca quis mentir e destruir Michael Jackson, mas meu pai me fez dizer
apenas mentiras. Agora, eu não posso dizer a Michael como eu estou
arrependido e se ele me perdoará. Agora, pela primeira vez, não posso
mais carregar esta mentira. Michael Jackson nunca fez nada comigo, tudo
foi mentiras de meu pai para escapar da pobreza."
Jordan Chandler
Sei
que a tradução tá bizarra, mas é que a carta foi mal-escrita e há
suspeitas de ser uma armação feita por fãs inconformados, vai saber.
A única certeza disso tudo é que Azja Prior, mãe do filho de
Chris Tucker
, que foi testemunha de defesa do Rei do Pop nos tribunais em 2005
escreveu uma carta exigindo que a família Arvizo removesse todas as
acusações de que MJ teria molestado Gavin Arvizo (outro envolvido no
mesmo esquema de acusar MJ de molestar crianças).
Gavin Arvizo e Michael Jackson
***
Caro Gavin, Star, Davellin, e Janet:
Depois
da morte trágica de Michael na semana passada, tenho a dizer que
todos os sentimentos negativos que eu tinha para com sua família após as escandalosas reclamações feitas por você Gavin e sua mãe Janet - contra Michael
- voltou imensamente. A dor, a decepção, a raiva, a traição que eu
sinto por você simplesmente não pode ser posta em palavras.
Você
tem mostrado que a sua ganância e mentiras, anulam qualquer ganho
pessoal "moral" que a sua família alega ter, e provou ser a espécie de
pessoas capazes de virar as costas a própria pessoa que veio ao seu
socorro quando você estava mais desesperado.
O fato de você ter falsamente acusado Michael
dos mais hediondos atos, fazendo da sua vida um inferno em que se
tornaria os seus últimos anos é impensável, e tenho a certeza alguns
diriam, imperdoável. Em suas tentativas para destruí-lo mais uma vez,
você, Gavin, acusou o homem que você chamou o seu "melhor amigo" da uma
coisa que você (e todos os outros) sabia que iria transformar
completamente a sua vida de dentro para fora.
Você tomou a uma coisa que todos nós sabemos que Michael
se preocupou a maior parte da vida - crianças, especialmente as
crianças que estão sofrendo, e você tentou transformá-lo em uma coisa
má. Janet você, como mãe, permitiu isso, encorajou isso, e foi em
frente com a terrível tentativa de destruir Michael Jackson por vigarice e dinheiro.
Que vergonha!
Este homem não fez nada além de ajudar a sua família em suas horas mais sombrias. Sei disso porque Michael era como minha família. Fomos todos puxados para a sua mísera história e partilhamos do sofrimento da sua família quando Gavin lutou por sua vida durante a sua batalha contra o cancer. Gavin, você me disse que o amor de Michael ajudou você a se curar do câncer.
Sua família inteira elogiou Michael
em privacidade a todos que queriam ouvir, mas vocês se voltaram
contra ele, tão viciosamente em público. Tenho permanecido em silêncio
por muitos anos, mas já não posso fazê-lo. Agora eu luto para
encontrar a expressão adequada para escrever esta carta, como eu estou
tão cheia de raiva de você e dor para com a família Jackson.
Chamas-te
cristãos. Se isto é verdade, peço-lhe, Gavin, e sua mãe Janet para
finalmente fazer a coisa certa para o Michael na morte, que nunca se
fez durante seus dias aqui na terra. Você precisa exonerar Michael
completamente do nome e do legado horrível e nojento das alegações que
você fez contra ele.
Reclamações
e denúncias que você e eu sabemos que são completamente falsas e
completamente ridículas. Seja qual for a sua motivação no momento para
criar tais acusações são agora sem importância.
É muito maior do que você.
Estamos
falando sobre o legado do homem, um homem que vive positivamente e
que tocou em todo o mundo. Um homem que é provavelmente o maior
entertainer que o mundo nunca vai conhecer. Michael é alguém que partilhou a dor da sua família, abriu sua casa para você e você e o incluiu na sua própria família. Ele era um ser humano que nunca mereceu isso.
Gavin
e Janet, vocês podem mudar as suas identidades e tentarem se esconder
da opinião pública, mas em última análise, vocês não podem se
esconder da ira de Deus. Esta é a coisa certa a fazer. É o mínimo que
podem fazer para Michael, seus filhos, e seu legado.
Gavin
está agora com 19 anos, um rapaz impressionável que sob a orientação
da sua mãe, um peão que está presente em um grande esquema para
assassinar o personagem Michael. Eu conheço o teu coração, e sei que você é capaz de fazer aquilo que é justo. Limpar o nome de Michael
das terríveis acusações de uma vez por todas. Você deve isso a ele.
Você deve isso à sua família. E você deve isso a Deus. Vamos
finalmente dar a Michael completamente a possibilidade de descansar em paz.
Azja Pryor
Julho de 2009
Chris Tucker tem bom gosto... essa Azja Pryor é uma bela morenaça!
Mas,
não vamos ficar só nisso né? Na minha constante pesquisa, encontrei
algo igualmente curioso: um artigo escrito pela revista internacional
GQ , da autoria de
Mary A. Fischer e publicado aqui no Brasil pela
VIP .
Isso e a
declaração feita por Macaulay Culkin
de que era um "absurdo" as acusações de sexo com crianças é que
sepultou de vez qualquer dúvida sobre a inocência do Michael na
questão.
Eu posso estar errado no futuro. Talvez o MJ realmente
tenha "encostado" o dedo no menino (se é que me entende...), mas até o
momento, não consigo deixar de pensar que ele foi vítima da má intenção
e da cobiça alheia.
Enfim, tirem suas conclusões sobre o Michael com este belíssimo artigo da GQ.
(Agradecimentos ao extinto fórum do Michael Jackson, o
Rei do Pop , de onde eu tirei o artigo através de um Cache do Google).
* * *
O relato completo do que houve com o pop star pode provar sua inocência na acusação de abuso sexual. A
denúncia de que o pop star Michael Jackson teria molestado
sexualmente um garoto de 13 anos desabou como uma bomba sobre sua
carreira multimilionária.Motivou uma ação
judicial repleta de lances do melhor estilo hollywoodiano, duas
investigações criminais em que foram ouvidas mais de 200 testemunhas,
entre as quais trinta crianças, e um desavergonhado circo montado pela
mídia do mundo inteiro. Jackson, por sua vez, processou alguns de
seus acusadores por extorsão. No final as ações terminaram num acordo,
que custou ao cantor algo em torno de 20 milhões de dólares. Desde
agosto passado, Jackson voltou ao noticiário, quando se casou com a
filha de Elvis Presley, Lisa, e envolveu-se com noticias de que já
estaria prestes a se separar. O caso com o garoto, contudo ainda pesa,
parecendo indicar um daqueles episódios de excesso de imprensa, em que
nunca foi verdadeiramente ouvida a defesa do cantor. Claro que é
impossível provar que nada aconteceu entre Jackson e o garoto. Mas é
possível fazer uma análise das pessoas que o levaram a julgamento e
mergulhar no seu caráter e motivos. O que emerge desse exame, com base
em documentos, entrevistas e gravações, convence que Jackson não
molestou ninguém, e que pode ter sido ele próprio à vítima de um plano
com a intenção de extorqui-lhe dinheiro.
Os problemas de
Jackson começaram quando sua van quebrou no Wilshire Boulevard, em Los
Angeles, em maio de 1992. Parado no meio da rua, estrangulado no
pesado tráfego, ele foi percebido pela mulher de Mel Green,
funcionário da Rent-a-Wreck, agência de guinchos localizada a 1 milha
dali. Green foi socorre-lo. Quando Dave Schwartz, dono da empresa, ouviu
que Green estava trazendo Jackson para seu estabelecimento chamou sua
esposa, June, e o filho do seu casamento anterior dela, um garoto de
12 anos. Quando Jackson chegou, June contou-lhe como seu filho havia
lhe enviado um desenho quando ele sofrera queimaduras durante um
comercial da Pepsi. E lhe deu seu telefone de casa. "Parecia que ela
estava empurrando o garoto para cima dele", lembra Green. "Acho que
Jackson pensou que lhe devia algum favor, e foi assim que tudo
começou". Certos fatos
sobre o relacionamento entre o cantor e o menino não são controversos.
Jackson passou a telefonar para ele. Ficaram amigos. Três meses
depois, ele e a mãe eram convidados habituais de 'Neverland', o rancho
do artista no condado de Santa Barbara. No ano seguinte, Jackson
cobriu o garoto e sua família de atenções e presentes – relógios,
brinquedos caros e viagens. Por volta de março de 1993, Jackson e o
garoto estavam freqüentemente juntos e começaram a s noites em que
dormiam na mesma cama. June se tornou íntima do cantor e "gostava
demais dele, porque era o homem mais gentil que conhecera", segundo um
amigo. As excentricidades
do pop star eram de domínio público: todo mundo sabia de sua obsessão
por refazer o rosto através de cirurgias plásticas e de sua
preferência pela companhia de crianças. E embora possa soar pouco
usual que um homem de 35 anos dormisse com uma criança de 13 anos, a
mãe do garoto e os amigos de Jackson nunca se preocuparam com isso. O
comportamento de Jackson é bem mais compreendido uma vez posto no
contexto de sua própria infância, sempre cercado de adultos, mergulhado
em estúdios e sob a pressão do pai, Joe, conhecido por bater em seus
filhos. "Ele nunca teve uma infância", diz Bert Fields, ex-advogado de
Jackson. "Está tendo uma agora. Seus companheiros são crianças de 12
anos. Adoram brincar de guerra de travesseiro." Em
principio, o envolvimento de Jackson com o garoto foi bem recebido
pela sua mãe, seu padrasto e seu pai biológico, Evan Robert Chandler.
Nascido no Bronx, em 1944, Chandler seguiu os passos do
pai e dos irmãos e se tornou dentista. Mas sonhava em ser escritor. No
final da década de 70, na esperança de se tornar roteirista de
cinema, mudou-se para Los Angeles com a mulher, June. Mais tarde,
morou em Nova York, mas não conseguiu vender um único roteiro e voltou
para LA na década de 80, quando seu filho já tinha nascido e a vida
conjugal andava com problemas. Divorciaram-se em 1985. A custódia da
criança ficou com a mãe, e a corte estipulou que Chandler
lhes pagasse a pensão de 500 dólares ao mês. Documentos revelam,
contudo, que em 93, quando o escândalo veio à tona, ele lhes devia 68
mil dólares – dívida que ela deixou de cobrar. Apesar de enfrentar
problemas com o processo de uma modelo que o acusaria de negligência
médica, sua carreira ia bem. Conseguiu estrear em Hollywood,
co-assinando com Mel Brooks o roteiro de uma comédia sobre Hobin Hood. Até que Jackson entrasse na vida de seu filho, Chandler
não demonstrava muito interesse pelo menino. A clinica odontológica o
mantinha ocupado e ele havia formado uma família com a segunda
mulher, advogada de empresa, e de dois filhos. Desde logo, Chandler
encorajou o relacionamento do filho com Jackson e chegou a
pressioná-lo para que passasse mais tempo com o menino em sua casa. De
acordo com fontes, sugeriu até que Jackson que construísse mais um
cômodo ali. Depois de verificar junto ao departamento de zoneamento
que aquilo não poderia ser feito, simplesmente sugeriu a Jackson lhe
construísse uma casa nova. Quando o cantor levou o menino e June para
Mônaco, na cerimônia do World Music Awards, entretanto, Chandler passou a enciumar-se. "Ele se sentiu jogado para escanteio", diz Michael Freeman, ex-advogado de June Chandler Schwartz. Quando voltaram, Jackson e o menino fizeram a Chandler uma visita de cinco dias – o que lhe agradou – e na qual dormiram juntos com o meio irmão do garoto. Embora Chandler
tenha admitido que Jackson e seu filho sempre tenham dormido
vestidos, foi nessa época que levantou suas suspeitas de que tivesse
ocorrido alguma transgressão sexual. Em nenhum momento Chandler alegou ter flagrado qualquer abuso por parte de Jackson.Em meados de 1993, Dave Schwartz, que até então era amistoso com Chandler,
secretamente gravou uma conversa telefônica entre eles. Durante a
ligação, o dentista falou da sua preocupação com o filho. Quando
Schwartz perguntou o que Jackson teria feito, Chandler
respondeu que ele "havia desestruturado a família. [O menino] foi
seduzido pelo poder e pelo dinheiro desse sujeito". Em outro lugar da
fita, Chandler revelou que estava preparando uma armação
para Jackson. "Está tudo arranjado", disse. Explicou que teria pago
pessoas para dizer "certas coisas", num "plano só meu".E
finalizou: "Se eu for adiante com isso, ganho uma bolada. June
perderá [a guarda do menino]e a carreira de Michael será arruinada".
Schwartz, então, perguntou: "Em que isso ajuda o garoto?", ao que Chandler respondeu "Não me interessa". Em vez de ir a polícia, Chandler foi a um advogado:Barry Rothman. "Peguei o advogado mais calhorda que pude encontrar", Chandler
disse na conversação gravada por Schwartz. "Tudo o que ele quer é
levar isso a público o mais rápido que puder, e humilhar tantas
pessoas quanto puder. Ele é um calhorda, é inteligente e adora
publicidade."Dono de um escritório de advocacia em
Century City, Rothman negociara contratos para conjuntos como Rolling
Stones e The Who. Fez tantos inimigos na sua carreira que sua
ex-mulher disse a seu advogado admirar-se de que não tivessem ainda"acabado
com ele". Sua ficha no final década de 80 registrava mais de vinte
processos civis e reclamações trabalhistas. Nos últimos anos, havia
criado uma complexa rede de contas no exterior e empresas fantasmas
para ocultar seus bens. Em 1992, o Tribunal Estadual adotou medidas
disciplinares contra ele a partir de um conflito com Muriel Metcalf, a
quem defendia num processo de custódia e que o acusava de incluir
despesas fictícias em sua conta. Em novembro, seu escritório abriu
falência com uma divida estimada em 880 mil dólares e nenhum bem
declarado. Aliado a este homem, em junho de 1993, Evan Chandler
começou a colocar seu "plano" em prática. Procurou a ex-mulher e
revelou a ela suas suspeitas. "June achou que era tudo bobagem", diz
seu ex-advogado, Michael Freeman. Ela ainda comunicou que planejava
tirar o garoto da escola no outono para que pudessem acompanhar
Jackson na turnê mundial do show Dangerous. Segundo várias fontes, Chandler
ficou furioso e ameaçou levar a público as provas que alegava ter
contra o cantor. "Que pai, em sã consciência, ia querer colocar seu
filho em evidência num caso como esse?", pergunta Freemam. "O normal
seria proteger a criança, e não expô-la." Jackson
pediu a seu advogado, na época Bert Fields, para intervir. Fields
colocou em ação o investigador Anthony Pellicano. Dave Schwartz deram a
fita para Pellicano escutar. "Depois de ouvir 10 minutos de gravação,
percebi que se tratava de extorsão", diz Pellicano. No mesmo dia,
procurou o filho de Chandler no condomínio de Jackson em
Century City. O cantor não estava em casa. Pellicano interrogou o
garoto: "Michael já tocou em você? Alguma vez você o viu nu na cama?" A
resposta sempre foi não. Em 11 de Julho, Chandler
partiu para a etapa mais avançada do jogo. Pediu a June para ficar com
o filho durante uma semana, com a promessa de Rothman de que o menino
seria devolvido no prazo combinado. Não voltou. Foi durante o período em que Chandler
tomou o controle do filho, isolado da mãe, do padrasto e dos amigos,
que as acusações contra Jackson tomaram forma. Para basear sua
denúncia, ele procurou a opinião de um especialista, Mathis Abrams,
psiquiatra em Beverly Hills. Pelo telefone, apresentou a Abrams uma
situação hipotética. Sem nem mesmo ter encontrado a criança ou o pai, o
psiquiatra enviou como resposta uma carta com duas páginas em que
afirmava "haver suspeitas razoáveis da ocorrência de abuso sexual".
Importante, ele afirmava que se aquele fosse um caso real, e não
hipotético, deveria ser denunciado ao departamento de menores.Até
então, não haviam sido feitas exigências ou acusações formais contra
Michael Jackson. EM 4 de agosto de 1993, no entanto, Chandler
e o filho reuniram-se com Jackson e o investigador Pellicano numa
suíte do hotel West-Wood Marquis. Ao ver o cantor, segundo Pellicano, Chandler
deu-lhe um forte abraço (gesto improvável para um pai, que estaria
abraçando a pessoa que molestara seu filho), depois tirou do bolso a
carta do psiquiatra e começou a ler. O garoto baixou a cabeça e olhou
para Jackson com uma expressão de surpresa, como se dissesse "eu não
falei isso". No final do encontro, Chandler apontou para o cantor e o advertiu "Vou arruinar você". Num encontro com Pellicano no escritório de Rothman, naquela noite, Chandler
faria seu pedido: 20 milhões de dólares. Em 13 de agosto, houve outro
encontro no escritório de Rothman. Pellicano fez uma contra-oferta. Chandler
assinaria um contrato como roteirista por 350 000 mil dólares.
Pellicano diz que fez a oferta como meio de resolver a disputa pela
custódia do garoto e dar a Chandler uma oportunidade de conviver mais com ele, fazendo-os trabalhar no roteiro juntos. Chandler recusou.Rothman fez uma nova demanda – um acordo por três roteiros, ou nada. Um ex- colega revelou o desapontamento de Chandler. "Quase fiz um negócio de 20 milhões", ouviram-no dizer a Rothman. Antes de Chandler tomar controle de seu filho, o menino nunca alegara nada contra o cantor. Isso mudou um dia, no gabinete dentário de Chandler,
em Beverly Hills. Na presença de Mark Torbiner, um anestesista
dentário, foi administrado ao garoto a controvertida droga conhecida
como Amytal sódico – que alguns erroneamente acreditam ser o soro da
verdade. Foi depois dessa sessão que o garoto fez acusações contra
Jackson pela primeira vez. Um jornalista da KCBS-TV reportou em 3 de
maio daquele ano que Chandler havia usado a droga no
filho, mas o dentista alegou que só a utilizou para extrair um dente
da criança e que durante essa operação ela teria começado a falar.
Perguntado se usou a droga, Torbiner respondeu "Se eu usei, foi para
propósitos para tratamento dentário". Utilizado
para o tratamento de amnésia, o Amytal sódico foi administrado
durante a Segunda Guerra Mundial a soldados traumatizados
psicologicamente. Estudos a partir de 1952 descartaram que droga fosse
um soro da verdade e demonstraram seu risco: falsas memórias podem ser
implantadas em pessoas sob sua influência. "É bastante possível
implantar uma idéia meramente fazendo perguntas", diz o reconhecido
psiquiatra Phillip Resnick, de Cleveland. "A idéia pode se tornar
memória, e, mesmo quando você fala a verdade para essas pessoas sob a
influência do Amytal, elas continuam a jurar sobre a Bíblia que aquilo
aconteceu". John Yagiela, coordenador do departamento de anestesia da
Faculdade de Odontologia da Califórnia, esclarece: "O uso do Amytal
sódico para extração de dentes não faz sentido quando há alternativas
mais adequadas para esse tipo de cirurgia". Kenneth Gottlieb,
psiquiatra de São Francisco, acrescenta: "Para usar uma droga desse
tipo seria necessário ter ao lado um anestesista e um aparelho
ressuscitador para o caso de uma reação alérgica" Ao que parece, Chandler
não se preocupou com nada disso. Confiou apenas na experiência de
Torbiner (foi ele quem o apresentou a Rothman em 1991, quando o
advogado precisava de um dentista). Sem possuir consultório próprio,
Torbiner trabalha para outros dentistas, administrando morfina e
Demerol a pacientes com dores não necessariamente relacionadas a
dentes. Chegaria à casa de clientes – alguns célebres – carregando uma
maleta de pesca cheia de medicamentos e seringas.
Depois do episódio com o soro da verdade, June resolveu lutar para conseguir a guarda do filho. Como reação, Chandler
levou o garoto ao consultório de Mathis Abrams – o psiquiatra
responsável pela avaliação hipotética de abuso sexual. Durante uma
sessão de 3 horas, o menino afirmou que Jackson havia mantido relações
sexuais com ele. Falou de masturbação, beijos, carícias nos mamilos e
sexo oral. Mas não mencionou que tivesse havido penetração, o que
poderia ter sido comprovado através de exames médicos. Obrigado por
lei a relatar a acusação às autoridades, Abrams chamou uma assistente
social do departamento de menores, que, por sua vez, contatou a
polícia. Cinco dias depois, Michael Jackson já era o principal assunto
do noticiário. Embora o circo estivesse armado, a imprensa ignorava a
proporção das acusações contra o cantor. Um funcionário do
departamento de menores então tomou a iniciativa de fornecer
ilegalmente uma cópia do relatório a Diane Diamond, apresentadora do
programa Hard Copy. Em seguida, o documento chegou a uma agência
britânica de informações, que, por sua vez, vendeu cópias ao resto da
imprensa. No dia seguinte, o mundo inteiro conhecia o documento com
seus detalhes mais íntimos. "Quando estavam deitados lado a lada na
cama, Michael Jackson colocou a mão dentro do short do menino", revela
uma assistente social ouvida no relatório. Depois,
começaram a aparecer às testemunhas. Primeiro, Stella e Phillipe
Lemarque, ex-caseiros de Jackson, que tentaram vender suas historias
aos tablóides sensacionalistas com auxilio do agente Paul Barresi, um
ex-ator de filmes pornôs. Pediram a bagatela de meio milhão de
dólares, mas acabaram vendendo a entrevista ao inglês The Globe por
módicos 15 000. Os Quindoys, que também tinham trabalhado na Terra do
Nunca, usaram a mesma estratégia. Quando seu preço ainda estava em 100
000 dólares, disseram que, "na verdade, a mão de Michael Jackson
estava fora das calças do menino". Assim que a quantia subiu para 500
000 dólares, a mão entrou novamente no short. No
início de novembro, dois guarda-costas do cantor deram entrevistas a
Diane Diamond. No ar, ela garantiu que seus convidados não estavam
recebendo nada para falar. No entanto duas semanas depois,
descobriu-se que o Hard Copy negociava um pagamento de 100 000 dólares a
cinco antigos seguranças de Jackson. Diane informou também aos
telespectadores que os dois entrevistados haviam sido demitidos porque
"sabiam demais sobre o relacionamento de Michael Jackson com os
meninos". Na verdade, seus depoimentos posteriores, feitos sob
juramente durante a investigação policial, não confirmaram essas
denúncias. Em 15 de dezembro, foi a vez de a empregada Blanca Francia
comparecer ao Hard Copy. Blanca contou que havia visto Jackson nu,
tomando banho com garotos. O testemunho juramentado de Blanca, como os
dos guardas, desmente essa versão. E esclarece que a empregada
recebeu 200 000 dólares para ser entrevistadas no programa de
televisão. Durante todo
esse período, a mãe do menino rejeitou as acusações feitas a Jackson.
Mas depois de uma reunião com a polícia, em agosto de 1993, mudou de
idéia. Os policiais Sicard e Rosibel Ferrufino argumentaram com ela
que Jackson se encaixava perfeitamente no perfil clássico de pedófilo e
que, portanto, teria motivos para molestar o garoto. O psiquiatra
Ralph Underwager, que trata de pedófilos e vítimas de incesto desde
1953 em Mineápolis, discorda: "Não existe essa história de perfil
clássico". Segundo ele, Jackson foi vítima de "equívocos que acabaram
sendo tratados como verdades em conseqüência da histeria que existe
hoje em torno do assunto". Phillip Resnick tem a mesma opinião:
"Michael Jackson era um alvo perfeito para esse tipo de denúncia: é
rico, extravagante, anda com crianças e demonstra certa fragilidade". Nesse momento June se uniu a Chandler,
temendo que a acusassem de negligência. Na seara dos advogados, no
entanto, as coisas não iam bem. Vários defensores, de lado a lado,
foram demitidos, rebaixados ou afastados do caso. No final de agosto
Michael Jackson apresentou denúncias de extorsão contra Chandler
e Rothman. A polícia não as levou a sério. Ao contrário do que havia
sido feito com o cantor, não foram determinadas buscas na casa ou no
escritório dos acusados nem se convocou um júri para discutir o caso. Em
setembro de 1993, Larry Feldman, advogado civil e ex-chefe da
Associação dos Advogados Criminalistas de Los Angeles, passou a
representar o filho de Chandler. E moveu uma ação contra
Michael Jackson no valor de 30 milhões de dólares. Os lobos não
tardaram a aparecer. Feldman recebeu dezenas de cartas dos mais
variados tipos de pessoas alegando terem sido molestadas pro Jackson.
Todas foram entrevistadas, mas nada se encontrou de positivo. Jackson
resolveu juntar sua equipe de defesa um famoso advogado criminalista,
Howard Weitzman. A partir de então, surgiu a conversa sobre um acordo
amigável entre as partes. Do lado de Jackson, optou-se por não levar o
caso a julgamento. O principal motivo estava na conhecida fragilidade
emocional do cantor, que seria testada nos tribunais e utilizada pela
imprensa. Ele participou ativamente da decisão de fazer o acordo,
porque queria que tudo terminasse "o mais rápido possível". Em 25 de
janeiro de 1994, concordou em pagar ao menino uma quantia não
revelada. Especula-se algo em torno de 20 milhões de dólares. Evan Chandler,
enfim, acabou conseguindo o que queria. Continua com a guarda do
filho e tem, portanto, acesso a todo o dinheiro que o garoto receber. VIP Exame / Janeiro 1995