Liefeld rindo à toa! Também pudera? Vende e produz mais que Alan Moore!
Uma coisa interessante sobre o ser humano é a capacidade inata para adotar "verdades absolutas".
Certas coisas são tão marteladas em nossas cabeças que jamais suporemos que alguém vai pensar diferente, afinal é natural que as coisas sejam daquele jeito que aprendemos - só um louco ou peverso que se atreveria a sequer cogitar uma contestação de uma idéia pré-estabelecida.
Contudo, o Sol da Meia Noite, em um compromisso com seus leitores, atreve-se a chacoalhar essa barreira intelectual que assola como uma praga a mente dos milhares de interneteiros no Brasil e no mundo.
Afinal de contas, vou tocar em um ponto muito delicdado, incômodo, uma verdadeira ferida com pus: Rob Liefeld.
Sendo curto e grosso: Rob Liefeld é um exemplo a ser seguido por qualquer artista do ramo, não só quadrinheiro, mas sim de qualquer área.
Não, você não leu errado. Contenha sua torcida de nariz, risadinhas irônicas e revolta.
Ótimo, agora, vamos lá.
Traçando um perfil do sujeito, Liefeld, com seu traço "peculiar", começou na DC, de lá foi para a Marvel, depois foi para a Image Comics em 1992, como co-fundador ao lado de Jim Lee, Todd McFarlane, Erik Larsen, Whilce Portacio, Jim Valentino e Marc Silvestri. Cada um deles fundou um estúdio sobre o selo da Image, o de Liefeld era Extreme Studios. A partir daí foi uma dança das cadeiras: ora fazia trabalho próprio, ora rabiscava e escrevia alguma coisa para a Marvel. Durante um tempo, publicou independentemente. Depois retornou à Image.
Em sumo: a carreira de Liefeld é a mesma de inúmeros artistas da imensa indústria de quadrinhos americana. Até mesmo nas inúmeras polêmicas e saias justas. O que tem de mais? O que gera tanto bafafá sobre o Liefeld a tal ponto de Ryan Coons, um fã, ir até a WizardWorldChicago e "exigir desculpas" pela "atrocidade" que o artista fez ao Capitão América, "seu personagem favorito"?
Capitão América por Liefeld.
A verdade, meus amigos é que Rob Liefeld incomoda os nerds intelectualóides.
Mas como incomoda?
Pelo seu traço, considerado "ruim" para essa gente?
Pelo seu roteiro, considerado simplista?
Por copiar imagens de outros artistas e vender quase sempre a mesma coisa?
A resposta é NÃO.
Liefeld incomoda porque ele vende. Vende muito, mas muito mesmo. É um dos artistas mais bem sucedidos, atrás apenas de Stan Lee, que possui enorme respeito ao Liefeld (apesar das polêmicas). Foi o criador de Deadpool, considerado um personagem controverso, mas muito cultuado, no mundo dos quadrinhos.Tá, Youngblood, o primeiro título da Image que Liefeld criou e adotou como carro chefe, é considerado cópia dos X-Men, mas e daí? Se vende, pau na máquina! Produz!
É isso que importa: vender, produzir, ser lido! Só assim um artista se sustenta!
Liefeld faz histórias que agradam o leitor médio de quadrinhos. Ele escreve pro povão, pra massa - e fatura rios de dinheiro com isso. O fato de estar no mercado à MAIS DE VINTE ANOS - um marco se tratando de um segmento do entretenimento característico por sua constante renovação (basta só ver o quão rápido fica datado os artistas, caindo no esquecimento, e, por conseqüencia criando escolas de desenho) é prova de que ele está no caminho certo, que o que ele faz FUNCIONA e é LUCRATIVO.
Seria de esperar que um cidadão como esse fosse considerado um "deus" das HQ, afinal de contas ele vende muito, tem inúmeros trabalhos encabeceando Top Tens da vida, criou personagens inesquecíveis...
Deadpool, um dos maiores ícones da Marvel. Obra de Liefeld - mas ninguém lembra quando fala mal do cara!
Mas a verdade é bem outra. Como assim?
Vou resumir com duas frases.
O fã doente de quadrinhos ojeriza Liefeld!
Mas compra Liefeld!
Pera lá, os caras não gostam - MAS COMPRAM MESMO ASSIM? O que é isso? Sadomasoquismo?
Talvez.
Alegam que "não podem ficar com buracos em suas coleções". Verdade, concordo com isso - mas se tem o Liefeld na capa e você não gosta, não compre - ou você quer ter um "gibi deformado" em sua coleção? Melhor amargar esta "perda" do que dá dinheiro a um cara que produz o que você não gosta!
Não tem desse papo que dizem aí que "existe um sistema que te obriga a comprar revistas do Liefeld". Babaquice da grossa, é a mesma esparrela das "máfias que perseguem cruelmente o quadrinho nacional". Não tem esse papo de "sistema", "máfia" ou coisa que o valha: o cara é bom no que faz, tem muito editor batendo na porta dele, doido para publicar o trabalho do sujeito.
O que dói nessa gente mesmo é o fato que Liefeld produz pro povão. Liefeld escreve para o leitor médio, produz para o leitor médio e vende (e como!) para o leitor médio. Ele pouco se lixa para a nerdaiada aburguesada que acha que gibi é formatão capa dura, custando R$ 90,00. O que ele quer é vender, vender e vender! Porque ele gosta de dinheiro! Dinheiro é muito bom, faz ele por o pão na mesa e continuar a tocar o seu trabalho, mantendo-se produtivo e jamais esquecido.
Pois o mercado de quadrinhos (e de entretenimento no geral) é PURO COMÉRCIO! Essa é a verdade! Grana é o que conta! Stan Lee pensa primeiro em sua carteira antes de fazer qualquer coisa! E é por isso que ele sempre está se renovando, sempre atento ao mercado, sempre pronto a mandar bem para seus leitores. É assim que a máquina gira. Sem dinheiro, Alan Moore JAMAIS teria feito MIRACLEMAN e WATCHMEN. Não se iluda! Só mesmo os nerds intelectualóides que acreditam que Stan Lee faz tudo aquilo por altruísmo...
Mas, bem, vamos analisar então as tais "razões de odiar o Liefeld" - e porque elas são tão estúpidas:
Seu traço é digamos, único: Muitos criticam seu traço, dizendo que é feio, torto, desproporcional, horrível, com pernas tortas, mulheres elásticas e arcadas de trocentos dentes . Mas há quem goste. E, levando a quantidade de vendas desse rapaz, creio que são muitos. Depreciar Liefeld e qualquer outro artista tão unicamente por seu traço é burro, pois você desconsidera todo o resto e não vê a obra como um todo.
Liefeld copia personagens e idéias: Tá, a chapinhação de diversos personagens que ele fez, especialmente com os Youngblood não é exatamente uma qualidade criativa. Mas ele é um cara esperto. E nesse meio você tem de ser malandro: ele viu o que dá dinheiro e fez. Ou você pensa que o Stan Lee NÃO fez isso? Ou Bob Kane (autor do Batman)? Não existe esse papo de "original". Os heróis de quadrinhos começaram a ser produzidos lá para idos de 1920-1930, pegando carona nos livrinhos "pulp" dos "homens de mistério". Se toca galera!
Liefeld fodeu com personagens queridos: Quase sempre entram com aquela foto famosa do Capeitão América. Isso inclusive foi uma das causas do showzinho de Ryan Coons na WizardWorldChicago. Mas convenientemente esqueçem dos "cabeças" da Marvel, que, espertos como eles são, notaram que o estilo da Image estava descendo um pau nas vendas da empresa. Nada mais lógico que fazer uma reformulação e se adequar aos novos tempos! Então convocaram Jim Lee e Rob Liefeld para dar aquele "trato" e alavancar as vendas da Marvel Comics - que estava a beira da falência em 1996. É muito simplista jogar toda a culpa no Liefeld por "aquilo".
Enfim, como puderam perceber, o ódio por Liefeld é uma besteira infundada, quase uma canção, um idealismo, uma marca registrada do fã acéfalo de HQ's. Se você não odeia o Liefeld você não pode ser considerado um fã! Não entende nada de quadrinhos! E os fãs, imbecis como sempre, seguem estas máximas como gado, zumbis lobotomizados - pois, os ditos fãs de quadrinhos aqui no Brasil, esquecem como isso tudo começou: quando a Image chegou aqui em 1996-1997. Como a Image Comics era, na verdade um grupo de estúdios relativamente independentes, cada contrato era assinado individualmente.
Com a disputa tapa-a-tapa das duas grandes editoras de quadrinhos da época: Globo e Editora Abril, rolou algo inusitado: uma parte ficou com a Abril e a outra com a Globo.
A Abril ficou com Youngblood e Spawn. A Globo com as coisas da Top Cow e Wildstorm além de começar a publicar a revista especializada em notícias no mundo dos quadrinhos (ela mesma) chamada Wizards.
Wizards Brasil - Aqui começou essa aporrinhação com o Liefeld.
Inicialmente muita gente no Brasil curtia o traço do sujeito. Mas bastou a Wizards começar a pegar no pé do cara - bem como outras revistas também começaram a fazer. Surgiu piadinhas em sessões de cartas, como orações contra o Liefeld, comentários pra lá de tendenciosos - e voilá! Lavagem cerebral feita - todo mundo odeia Liefeld da noite pro dia!
O Liefeld pode ter todos os erros do mundo. Pode desenhar mal, escrever mal, se apropiar de idéias alheias.
Mas ele é lido, produz muito, vende muito. E as pessoas parecem não conseguir esquecê-lo.
Amam odiar Liefeld.
Tanto ódio só pode ser amor.
Afinal, quem não gosta, não compra!
Então, só resta dizer a essa cambada de gente desocupada parar de mentir e assumir seu amor pelo Liefeld.
Ou esquecer esse cara de vez!
É como diria o velho provérbio:
FALEM BEM OU MAL, MAS FALEM DE MIM!